quarta-feira, 11 de novembro de 2009

COPA 2014, OLIMPÍADAS 2016 - BRASIL 2017

Artigo de José Roberto Bernasconi, Presidente do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia – SINAENCO.



O Rio de Janeiro foi escolhido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Essa conquista, é necessário dizer, deve-se em grande parte ao trabalho de relações públicas desenvolvido há mais de dois anos pelas autoridades brasileiras, especialmente aquelas ligadas ao esporte (Ministério do Esporte, Comitê Olímpico Brasileiro e Itamaraty), com o presidente Lula à frente, juntamente com o governo do estado e da capital carioca. Às justas comemorações pela conquista da primeira Olimpíada a ser realizada na América do Sul, porém, somam-se as necessárias ações que precisam ser realizadas para que o evento marque uma virada na capital carioca e deixe um legado positivo.


Entre essas ações, o planejamento é o fator essencial para a realização bem-sucedida dos Jogos Olímpicos 2016, a exemplo do que aconteceu em Barcelona 1992 e vem acontecendo em Londres, em sua preparação para sediar as Olimpíadas 2012. No caso brasileiro, há a feliz coincidência de o Rio de Janeiro ser uma das sedes da Copa 2014 e muitas das obras que serão realizadas para Mundial de Futebol devem ser pensadas para os Jogos Olímpicos, especialmente aquelas ligadas à infraestrutura de mobilidade urbana (metrô, corredores de ônibus, estacionamentos, entre outros), aeroviária, de portos, de ampliação da rede hoteleira e também esportiva.


Outra questão fundamental a ser resolvida na infraestrutura refere-se ao saneamento, em todas as suas vertentes: água, esgoto, drenagem das águas pluviais e resíduos sólidos, ou seja, coleta e destinação do lixo.Para isso, é absolutamente urgente que as autoridades federais, estaduais e municipais se unam para aproveitar a sinergia entre os dois eventos – Copa 2014 e Olimpíada 2016– para eliminar, de uma vez por todas, a poluição da baía da Guanabara, programa que vem de há quase duas décadas,consumiu mais de 1bilhão de dólares e não resolveu o problema. Para isso, além dos necessários investimentos em coleta e tratamento do esgoto urbano e na implantação de interceptores oceânicos, é preciso principalmente a realização de campanhas educativas, que atinjam a população como um todo e impeçam que muitos, como acontecem atualmente, joguem lixo na rua, nos córregos e rios, provocando enchentes e toda a sorte de problemas sanitários. Somente com a colaboração dos cidadãos a questão do lixo e da limpeza urbana, com conseqüências na prevenção de enchentes, poderá ser resolvida.


Esta é a única forma de superar a deficiência crônica do Brasil em planejamento, nas suas diversas esferas de poder (federal, estadual e municipal). Ela vem falhando seguidamente, com os custos decorrentes: obras executadas às pressas, sem projetos detalhados que defina técnicas construtivas, especificações dos serviços e materiais, cronograma de execução e orçamento rigorosos. Exemplo dos problemas originados dessa falta de planejamento foi o Pan2007, no Rio de Janeiro. A capital carioca praticamente não se beneficiou dos investimentos realizados. As obras para a Copa 2014 e Olimpíada2016 são a oportunidade de aproveitar a intensa sinergia entre os dois eventos, mirar os ensinamentos da história recente e reverter esse quadro. Senão, os quase 30 bilhões de reais que são previstos como investimento na preparação para as Olimpíadas podem não ser suficientes ou, pior ainda, não deixar nenhuma conseqüência positiva para a sociedade.


Para se ter um bom projeto, é necessário planejar, que significa pensar antes para fazer melhor. E, para se ter bom projeto é necessário respeitar o tempo para a sua elaboração, enfim respeitar a engenharia. É preciso trabalhar a partir de agora, ainda com mais afinco para desenvolver eficientemente os projetos de cada estádio, praça, rodovia ou aeroporto que precisaremos para 2014 e 2016. Há aqui grave risco para a arquitetura e engenharia brasileira de projetos. Alguns contratantes serão tentados a escolher, sem licitação, escritórios estrangeiros, sob a alegação deque estes já têm experiência no projeto de estádios, padrão FIFA ou padrão COI. A justificativa será a de sempre: “Como já estamos atrasados, não há tempo a perder com demoradas licitações”. Não podemos desperdiçar essas raras oportunidades para desenvolver a competência das empresas brasileiras, competência essa que poderá ser exportada nos mega eventos esportivos mundiais, no futuro. O melhor resultado da Copa 2014 e da Olimpíada 2016 é o Brasil 2017, o legado positivo desses eventos para nosso país.



FONTE: Informativo SINAENCO.



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