terça-feira, 9 de novembro de 2010

PONTE SOBRE O RIO NEGRO

Uma mega construção, a maior já realizada em toda a história das realizações construtivas do Estado do Amazonas. Assim defino a construção da ponte sobre o rio Negro, empreendimento que vem sendo realizado pelo Governo do Estado do Amazonas, por intermédio da Secretaria de Infraestrutura do Estado, utilizando recursos financeiros solicitados junto ao BNDES.

Estima-se que a obra completa consumirá um investimento que ultrapassará os 800 milhões de reais, valor este que será necessário para unir, por meio de uma obra de arte, o município de Manaus com o de Iranduba, sobrepondo às águas escuras do rio Negro. Envolvida em polêmicas de sua real necessidade, a obra teve como uma das justificativas dadas pelo empreendedor para a sua construção, a necessidade básica e urgente de se propor alternativas para a expansão urbana da cidade de Manaus. Vejo nessa justificativa o ponto mais preocupante, uma vez que impõe a um município bem menor, em recursos e estrutura, a tarefa de suportar toda a pressão de crescimento de uma cidade-estado como Manaus.


Conforme princípios do Plano Diretor Urbano e Ambiental de Manaus, Lei N° 671/2002, o desenvolvimento e o crescimento da cidade deverão ser controlados e planejados, evitando o crescimento horizontal desordenado, aproveitando-se as áreas urbanas vazias e subutilizadas. Manaus detém, em sua área urbana e de transição, muitas terras ainda não ocupadas, ociosas, possíveis de futura urbanização e que são estoques para suportar ao crescimento contínuo da cidade por algumas dezenas de anos. Ao Norte de Manaus, no sentido das rodovias AM-010 e BR-174, considero uma área de grande estoque de terras, facilmente percebível pelo volume de novos empreendimentos imobiliários que surgem, tanto por iniciativa privada quanto pública.


Não vejo Manaus “desesperada” à procura de terras ao ponto de necessitar de terras vizinhas para resolver sua expansão urbana, principalmente em caráter de urgência, como ressalta a justificativa do empreendedor. Tudo me parece como uma mera desculpa em justificar o injustificável.


Ainda como justificativa da obra foi informado que, após a construção da ponte, haverá promoção e geração de novos espaços habitacionais, oportunizando definitivamente a consolidação da Região Metropolitana de Manaus, e, em conseqüência, desafogará a pressão sobre as áreas urbanas já consolidadas em Manaus. Para promover e gerar novas unidades habitacionais é necessário, primeiramente, de políticas públicas eficazes voltadas para a gestão habitacional, que em muito vem devendo, ficando aquém do déficit habitacional existente no Estado. E a consolidação da Região Metropolitana de Manaus não vingará de imediato com a construção da ponte, é uma situação que ainda deverá demorar alguns anos para acontecer. Afirmo em função das características geográficas das cidades que compõem a Região Metropolitana, onde não existe conurbação, havendo grandes vazios urbanos entre as sedes municipais. A Região Metropolitana de Manaus existe no papel, mas fisicamente, foge dos padrões existentes nos grandes centros urbanos. Foi mais uma iniciativa de buscar o enquadramento da nossa região numa categoria em que há recursos externos para novos investimentos, inclusive os da própria construção da ponte sobre o rio Negro.


Polêmicas a parte, a construção da ponte já é uma realidade. Vem sendo construída de forma acelerada e já se prever a sua conclusão ainda neste ano de 2010. O complexo da obra, além da ponte em si, é composto de dois trechos de urbanização em terra. Uma, no município de Manaus, interligando a Avenida Brasil, no bairro da Compensa, a Ponta do Ouvidor, já na margem esquerda do rio Negro. O outro trecho, no município de Iranduba, interligando a Rodovia AM-070, no Distrito de Cacau Pirêra/Iranduba, a Ponta do Pepeta, na margem direita do rio Negro. Este local foi escolhido em função de ser o ponto de menor distância entre as duas margens e ter a menor interferência no sistema viário existente. A extensão total do empreendimento, incluindo trechos em terra e na água, será de 12Km.


Quem tem acesso ao rio Negro através dos bairros que compõem a Zona Oeste da cidade de Manaus, principalmente o bairro da Compensa, é inevitável a visão da ponte que apresenta volume de obras surpreendentes. A obra consiste na construção de uma ponte com 3,5Km de extensão, necessários para realizar a travessia sobre o grande rio Negro, sendo compostas de 02 (dois) trechos convencionais localizados próximos as margens do rio e 02 (dois) trechos estaiados, suspensos por cabos e estais, localizados na parte central do rio.


Com a conclusão e entrega da obra, a travessia entre o município de Manaus e com os de Iranduba, Manacapuru e Novo Airão serão bastante otimizados. Atualmente a travessia acontece por meio de balsas, em porto localizado no bairro de São Raimundo, zona Oeste de Manaus. É uma travessia que tem um percurso que demora aproximadamente 45 minutos para cumprir o trajeto, travessia essa que é uma boa opção de passeio sobre o rio Negro e que está com os dias contados para terminar. Com a ponte, essa mesma travessia se estima que o trajeto seja feito em 3 minutos, facilitando em muito aos motoristas que necessitam atravessar com os seus veículos.


Estima-se que a comunicação social entre os municípios imediatos à obra e a capital amazonense será melhorada graças à facilitação do deslocamento das pessoas na região, permitindo trocas da mão de obra trabalhadora e, consequentemente, de possíveis melhorias no emprego e renda da população. Com a possibilidade de atrair novas modalidades de transportes, o sistema viário principal e secundário próximos da ponte deverá ser melhorado, uma vez que se faz necessário qualificar o fluxo viário na localidade. Essa melhoria já se espelha nos trechos executados em terra, tanto na parte do município de Manaus quanto na de Iranduba, onde vias foram ampliadas, alargadas e melhoradas na sua infraestrutura.


Toda a infraestrutura a ser proporcionada com a implantação da Ponte sobre o rio Negro deverá causar grandes transformações urbanas e ambientais na redondeza do empreendimento. Esses dois temas serão disparados os mais bem exploradas nos próximos anos, no entorno imediato e próximo do empreendimento, principalmente nas terras pertencentes ao município de Iranduba, que por estar localizado lindeiro a capital amazonense, sofrerá grande pressão na sua infraestrutura, que é bastante precária. Se faz necessário, de uma forma urgente, de um plano diretor específico para essa região, que deixe bem claro as políticas públicas e diretrizes de desenvolvimento municipal desejáveis, incluindo principalmente o uso e ocupação do solo, na região de Cacau Pirera. Hoje, próximo da conclusão da obra, já é grande a especulação imobiliária, a ocupação desordenada, o desmatamento, a degradação ambiental, a expulsão da classe menos favorecida e sobretudo, a pressão sobre a infraestrutura básica existente.


As transformações nos cenários da paisagem urbana no entorno do empreendimento estará em pleno acontecimento nos próximos anos. Se diretrizes de gestão territorial forem elaboradas e posteriormente aplicadas e respeitadas, teremos um ambiente tranquilo, eficaz e de harmonia com o meio ambiente. Se o rumo for contrário, se medidas básicas de controle e planejamento urbano não forem priorizadas, aí teremos um cenário de desordem, poluição, precariedade viária, descontrole urbano, e consequentemente, precariedade na qualidade de vida. O tempo permitirá que percebamos no futuro o cenário formado. Espera-se que seja para melhor.




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