quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O CAU NÃO PODE VIRAR UM CAOS

Postagem originalmente publicada no site Paranashop.com:

A CRIAÇÃO DE UM NOVO MODELO ADMINISTRATIVO

Frederico Carstens(*)

Para o arquiteto curitibano Frederico Carstens, a primeira preocupação está na forma com que o Conselho de Arquitetura e Urbanismo - CAU se erguerá depois de décadas de espera de toda uma classe profissional. Para Carstens, observar as demais entidades de classe e aprender com elas, mesmo com os erros existentes é fundamental. “Como nós arquitetos podemos fazer com que esse conselho de arquitetura não repita os erros ou carregue os vícios das outras associações? A gente, como classe, reclama tanto das entidades, do CREA, dos políticos em geral. Então não podemos deixar de estar atentos a todo e qualquer procedimento que envolva a criação do CAU, que é um organismo político, mas precisa de um olhar administrativo prático e contemporâneo”, afirma o Carstens.

Até que ponto as associações ligadas à arquitetura, no momento encarregadas de implantar o CAU, estão atentas a detalhes frágeis encontrados em outras instituições e preparadas para a criação de um novo modelo administrativo?

Frederico Carstens observa, pelas manifestações que recebeu de colegas arquitetos, um certo descontentamento com o CAU, como por exemplo com relação a taxa anual, já estabelecida maior do que a então cobrada pelo CREA, e ainda uma preocupação relevante a respeito dos profissionais da área, que por mais competentes que sejam, não tem experiência na criação de uma entidade de tal porte.

Para Carstens, o ideal seria que os responsáveis pela criação do CAU contratassem consultorias sólidas, com experiência na realização de trabalhos similares de sucesso e capazes de garantir a blindagem contra os vícios comuns a estes tipos de associações.

Na opinião de Frederico Carstens, os principais vícios existentes nas associações vêm de três situações. A primeira e a segunda seriam com relação às pessoas que estão à frente delas, que geralmente não possuem formação administrativa e política adequada e ainda estão muito distantes da realidade do profissional. A terceira é que “a movimentação nos conselhos é mais parecida com a politicagem que tanto abominamos, e as atitudes práticas são mais próximas às gincanas, sempre correndo atrás dos acontecimentos”, relata Carstens.

O resultado, segundo o arquiteto, é que a defesa dos profissionais associados fica prejudicada e o afastamento da classe em relação à entidade é quase inevitável. Ainda de acordo com Carstens, esse cenário não ocorre por malícia, mas por descompasso entre as condições de cada um. “A estrutura de uma entidade de classe hoje colabora para a ocorrência de desperdícios, de uma visão míope do futuro próximo e dos desejos dos associados e ainda da sensação de que a entidade está sendo usada para fins de politicagem ou em benefício próprio de seus dirigentes ou até mesmo sugerindo indícios de casos de corrupção, independente de eles virem a acontecer ou não”, completa o arquiteto.

Outra observação importante e muito comum nas associações existentes é a lei falar em eleição direta para os cargos quando o que ocorre é uma eleição indireta. Para Frederico Carstens, os arquitetos devem exigir que qualquer profissional da área possa se qualificar como candidato, independente de chapas. A obrigação da existência de chapas é a responsável por uma situação danosa. “Um profissional não poder se candidatar para o posto que almeje a não ser que esteja vinculado a uma chapa é uma distorção da democracia, é a porta de entrada para os malabarismos de politicagens”, afirma.

O que acontece na prática, é que a exigência de candidatura em chapas, forma uma barreira de entrada aos interessados em lançar candidatura individual. Frederico Carstens observa que com o formato de chapa ocorre uma interligação obrigatória de cargos, secretarias, diretorias e presidência.

O arquiteto curitibano defende que no CAU a eleição ocorra de forma direta para cada cargo, sem chapas, permitindo a candidatura individual. Carstens ressalta ainda a oportunidade que os arquitetos tem em mãos, a criação de uma entidade própria, que venha se mostrar verdadeiramente relacionada com a classe que defende, e ainda que possa servir de exemplo como um novo e respeitável modelo administrativo. Para isso, Carstens reafirma a importância da contratação de empresas qualificadas para consultoria na montagem do processo eleitoral e posteriormente na organização administrativa e funcional do CAU.

“O CAU não pode virar um caos”, finaliza o Frederico.

(*) Frederico Carstens, é arquiteto, curitibano, sócio-diretor da Realiza Arquitetura.


FONTE: PARANASHOP.COM.BR

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