quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

FERNANDO, O TAXISTA FORROZEIRO.

 Publicado no site JB OnLine.

FERNANDO, O TAXISTA FORROZEIRO.
Por Marcus Quintella.

Prezado leitor, tenho que relatar uma situação extraordinária que vivenciei na última sexta-feira, em São Paulo, que tudo tem a ver com o tema deste blog, ou seja, trânsito e transporte público. No final, você entenderá.

Desembarquei em Congonhas, por volta das 8h30m, e peguei um taxi comum, como sempre faço em São Paulo. Entrei, como sempre falando ao celular, e pedi ao motorista que me levasse ao Edifício Villa Lobos, na Marginal Pinheiros. O taxi seguiu e eu terminei a minha conversa ao celular. Normalmente, eu puxo papo com o motorista, mas, nesse taxi, não deu tempo, pois o motorista disparou rápido e começou a falar sobre o tempo e depois emendou um assunto sobre o trânsito naquele horário. De repente, ele me perguntou se eu gostava de forró, mais precisamente de Luiz Gonzaga, o Gonzagão. Respondi que sim e ele logo colocou um CD do Rei do Baião. Em seguida, ele pegou no porta-luvas um triângulo, isso mesmo, aquele instrumento de percussão, feito de metal, ferro ou aço, muito utilizado em forrós, e me disse que tocava enquanto dirigia. Levei um susto e pensei que o cara era louco, mas logo percebi que se tratava de uma figura humana especial, muito bem humorada e com uma simplicidade e ingenuidade invejáveis. Então, nem precisei lhe pedir para tocar, pois ele logo posicionou o instrumento junto ao volante, aumentou o volume do CD do Gonzagão, e começou a tocar, acompanhando a música. Diga-se de passagem, muito bem e de forma bem agradável. Ah, isso tudo dirigindo, tranquilamente.

Nesse momento, perguntei o seu nome. Ele me disse que o pessoal do seu ponto, na Rua Itapeva, no hotel Paulista Wall Street, o conhecia como o “taxista forrozeiro”, ou por Fernando, o forrozeiro. Trata-se de um senhor, com idade entre 65 e 70 anos, cabelos brancos, muito simpático e extremamente bem humorado. O seu carro é um confortável Palio Weekend, novinho.

Achei aquilo sensacional e começamos a conversar sobre vários assuntos e ele começou a me falar de suas viagens como taxista e também da viagem que fará para a sua terra natal, a Paraíba, com o filho e o neto mais velho. Além disso, mostrou-me um recorte de jornal com um artigo do Ruy Castro que descrevia uma corrida com ele, da mesma forma que estou fazendo aqui.

Como o trânsito estava engarrafado, como sempre em São Paulo, a corrida durou cerca de 40 minutos, de Congonhas ao meu destino final, no Edifício Villa Lobos, e o papo foi muito agradável. Peguei o seu cartão e espero novamente ter a oportunidade de pegar esse taxi forrozeiro, para ouvir um bom forró, devidamente acompanhado pelo triângulo do Fernando.

Prezado leitor, acho que não preciso justificar a razão pela qual descrevi essa minha experiência dentro de um taxi em São Paulo, pois deve ter ficado claro que a violência, o nervosismo e a intolerância no pesado trânsito das grandes metrópoles pode ser evitada e não deve fazer parte do cotidiano dos motoristas de ônibus, vans, caminhões, táxis e carros de passeio. Basta que as pessoas usem a imaginação e a inteligência, acima de tudo, pois de nada adiantará qualquer atitude raivosa ou violenta, visto que o trânsito continuará engarrafado e o prejuízo será apenas daqueles que não conseguem se controlar. Esse prejuízo é financeiro, psicológico e físico.

Ah, esqueci de comentar que o Fernando é palmeirense e deve estar inconsolável com o Corinthians campeão. Parabéns, Fernando forrozeiro, pela lição de vida: VOCÊ É O CARA!



FONTE: JB Online.



Acompanhe o Blog pelo Twitter e Facebook




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Registre aqui o seu comentário. Obrigado