segunda-feira, 11 de novembro de 2013

INSTITUTO DE ARQUITETOS EMITE CARTA DE APOIO A PRESERVAÇÃO E VALORIZAÇÃO DA CASA THIAGO DE MELLO, PROJETADA POR LÚCIO COSTA



Carta de Apoio a Preservação e Valorização da Casa Thiago de Mello,
projetada por Lúcio Costa.
 
Lúcio Costa e o patrimônio.
 
            A sociedade que destrói o patrimônio edificado perde sua identidade e referências e compromete o desenvolvimento com vistas a um futuro promissor.
            Os critérios para a valorização de edifícios patrimoniais dependem das circunstâncias de cada local, dos processos históricos e das expectativas de desenvolvimento com preservação dos valores ambientais e culturais.
            Edifícios notáveis podem impor sua valorização patrimonial pela própria presença no contexto social e urbano assim como edificações modestas, porém significativas nos processos de desenvolvimento social e cultural.
            A casa projetada por Lúcio Costa para o poeta Thiago de Mello, na cidade de Barreirinha/AM., constitui uma rara combinação de talentos: um dos mais notáveis arquiteto e urbanista do Século XX no contexto internacional, e um dos escritores destacados do Brasil. O resultado edificado de tal conjunção merece respeito e valorização, não só pelo significado no contexto amazonense, mas pela transcendência na cultura brasileira.
            A casa manifesta o pensamento elaborado e difundido por Lúcio Costa ao longo da sua vida em relação aos critérios de racionalidade e adaptação de um projeto ao contexto cultural e climático.
            Os valores da casa representam princípios universais e transcendentes da projetação arquitetônica adaptados e condensados nas demandas específicas de Thiago de Mello e do lugar. A sofisticada simplicidade das soluções espaciais e construtivas da casa de Thiago de Mello constitui uma lição de arquitetura, cujos ensinamentos, vigentes ainda hoje, fundamentam sua preservação e valorização. Além do valor arquitetônico excepcional da construção, a oportunidade de utilização da casa para fins culturais torna-se também evidente em face da importância nacional do autor e do cliente.
            A obra e a memória de Lúcio Costa, um dos inspiradores e fundadores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), devem ser preservadas e respeitadas, pois o nosso maior mestre e arquiteto trabalhou, com talento e dedicação, pela permanência dos testemunhos construídos e pela valorização da cultura brasileira.
            Outro reconhecido arquiteto do século vinte, Oscar Niemeyer, sócio e parceiro de Lúcio Costa, elaborou projetos para muitas cidades do Brasil. Essas edificações prestigiam e valorizam a cultura dessas cidades.
            Portanto, resulta contraditório e incompreensível admitir interesses movidos para a destruição da casa do poeta Thiago de Mello, parte inestimável da obra do renomado arquiteto Lúcio Costa que muitas cidades ficariam orgulhosas em possuir.
            As recentes demolições de edifícios de interesse patrimonial em diferentes cidades do Brasil têm motivado a reflexão acerca de ações danosas, que provocam perdas irreparáveis para a memória social e a identidade cultural. Movimentos sociais e reivindicações profissionais e acadêmicas têm se tornado habituais na defesa dos valores da cultura brasileira.
            Os prováveis interesses em demolir a casa do poeta Thiago de Mello levam o Instituto de Arquitetos do Brasil a promover a necessária reflexão, de modo a estimular ações orientadas à preservação e integração deste patrimônio à vida cultural da cidade. Decisões neste sentido significarão uma contribuição de inestimável valor para a cultura brasileira.

Petrópolis/RJ, 8 e 9 de Novembro de 2013.


Instituto de Arquitetos do Brasil

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